O Vazio de Possibilidades

A conversa com os amigos pode ser muito providencial e guardar ensinamentos para toda uma vida.


Há 4 anos atrás, logo após a partida súbita e inesperada de meu querido Pai, um amigo que tentava me confortar e me trazer de volta à luz da esperança e da alegria, me disse o seguinte: “Lelé, a dor é inevitável, mas o sofrimento não!”.

 

Esta frase mudou minha visão. Foi quando percebi que o sofrimento é realmente uma escolha.

 

Tempos depois, em conversa com este mesmo amigo, disse à ele que era impressionante o quanto nós não nos permitimos ser felizes. Quando tudo está bem, sempre arrumamos uma forma de trazer algum problema ou sofrimento para estragar nossa vida.


E por mais paradoxal que possa parecer, visto que sofrimento causa inquietação, é estranho perceber que sofrimento caminha ao lado de acomodação. Primeiro porque ser feliz dá muito mais trabalho, envolve muitas escolhas e requer sair da estagnação. Segundo, porque deixar o conforto da acomodação requer vontade, requer desejo com ação. E me perdoem o palavreado chulo, às vezes a bosta está tão quentinha que nem se percebe o cheiro ao redor. Isto eu aprendi com minha amiga lunática.


Muitas vezes, como diz outro grande companheiro, o I Ching, “Ninguém o obriga a ficar, - a não ser a sua própria obstinação.”.


E minha reflexão sobre esse assunto ainda vai mais além. A vida é feita de ciclos. São dias e noites, verões e invernos, luz e sombra, sucessos e insucessos. Os ciclos são tão naturais como o próprio respirar: inspiração e expiração.


É preciso aceitar isto! E mais que isso, é preciso compreender que não existe dia sem noite, não existe verão sem inverno, não existe luz sem sombra, e não existe sucesso sem insucesso. Noites, invernos, sombras e insucessos também têm sua beleza. Basta ampliar a visão.


E não importa o tipo de crise, se soubermos aproveitá-la verdadeiramente como demonstra o sábio ideograma chinês, teremos a oportunidade de dar um salto qualitativo em nossa jornada de evolução pela vida.


Em uma crise profissional, surge a oportunidade de encontrarmos um caminho de prazer e satisfação pessoal. Se a crise é familiar, aí pode estar a oportunidade de aprendermos a dinâmica do amor. Se a crise é financeira, é a chance de modificarmos nossa visão e nossa relação com a nossa moeda de troca. Se por outro lado, a crise é ambiental, olha aí a oportunidade de amarmos mais nosso planeta. Se a crise é social, é tempo de assumirmos nossa responsabilidade e capacidade de modificar essa realidade.

 

Minha sugestão a você é que na crise você pare, pense e foque. E perceba que o vazio é cheio de possibilidades. E que, enfim, você escolha seu caminho pelo amor, e não mais pela dor!

 

“Na crise é que o novo emerge”

José Márcio Barros

 

Comments: 1 (Discussion closed)
  • #1

    Roberto Francisco de Souza (Sunday, 22 August 2010 17:16)

    Gostei muito do texto. Estou lendo O SOFRIMENTO COMO VÍCIO, livro que fala exatamente disso. Acho que seu trabalho pode ajudar muita gente a encontrar caminhos. Vamos em frente!!!