Amor em Lagarta e Renda Portuguesa

Ao acordar naquela manhã de segunda-feira passada, ensolarada e linda, como toda manhã de inverno, uma surpresa me aguardava!

 

Fui regar minha amada samambaia renda portuguesa, presente de uma amiga querida, que ganhei há 11 anos, em um ponto de mutação da minha vida!

 

Mais uma vez, percebi uma pequenina lagarta que começava a se banquetear nas folhas verdes, viçosas, da samambaia.

 

Na verdade, a renda portuguesa é muito mais do que uma samambaia para mim! Sem exagero algum, o que eu sinto por ela é amor! E não por acaso, essa minha querida veio me ensinando, desde 2010, a lidar com a minha própria metamorfose, quando surgiram as primeiras lagartas em suas folhas, ao retornar de uma viagem exaustiva de final de ano!

 

Sim, a partir de então, vivi momentos de intensa transformação, inclusive com tsnunamis internos, sintonizados com o tsunami que assolou o Japão no início de 2011.

 

E o mais interessante é que comecei, nesta mesma época, uma intensa relação de amor também com as lagartas, pois lagartas se transformam em lindas borboletas, seres especiais que me encantam o olhar sempre que as admiro!

 

À medida que esse amor crescia, fui ampliando minha visão, aquietando minha criança, e modificando o meu caminho de transição para me tornar Beija-Flor-Borboleta!

 

A primeira vez que vi lagartas na minha renda portuguesa, confesso que chorei, chorei, chorei! Chorei como uma criança que via a sua amiga querida ser carcomida por lagartas vorazes e famintas. Naquela oportunidade, preparei logo um líquido com fumo e disparei sobre a folhagem, catei cada lagarta, e para não correr o risco delas voltarem, jogava cada uma delas no vaso sanitário e desejava-lhes boa viagem!

 

Era a minha criança ainda cruel, em sua pureza de coração!

 

A segunda vez eu comecei a nutrir mais compaixão pelas lagartas, assim como já nutria pela samambaia. Mas pela samambaia era mais que isso, eu sentia amor! Então, retirava cuidadosamente cada lagarta, em um pedacinho de folha, e a jogava no jardim! Ali elas não precisavam se afogar, degustariam outros sabores, até se transmutarem em cores! E deixariam em paz minhas rendas.

 

Era a minha criança compassiva, em sua pureza de coração!

 

Mas desta vez foi diferente! Minha criança, em sua pureza de coração, escolheu, não sem choro sentido, profundo, decidir com o coração. Percebi, ao olhar para a frágil Lagarta, ao olhar para as lindas Folhas Rendadas, que um amor, tão profundo quanto o sentido choro, havia brotado em meu coração, por ambas, lindas!

 

E em meio às lágrimas cristalinas que corriam em minha face, tomei uma decisão de coragem! Decidi que desta vez não iria interromper essa relação de amor, naturalmente natural Natureza! Decisão enraizada no amor e na esperança de ver esses Seres se transmutarem, a Lagarta Borboleta Flor e a Renda Portuguesa Flor, refloridas na primavera!

 

Era a minha criança amorosa, em sua pureza de coração!

 

Sou muito feliz e muito grata por essa coragem, por regá-las todas as manhãs com a água repleta de amor. Sem isso, eu jamais poderia contemplar o que venho contemplando: o crescimento das Lagartas, que primeiro vi uma, depois vi três, e finalmente, vi quatro. Uma delas até já mudou de cor, cresceu, graúda! Parece alegremente grávida! E as pequeninas Grandes amorosamente se concentraram em duas folhinhas apenas... Pude vê-las se alimentando, fresquinhas, quase sorrindo, e a Rendinha, se dando em verdura pura! Sim, penso que isso é amor!

 

Continuo aqui, encantada, admirada com a minha nova vida, imersa em amor e abundância, em sabedoria da Mãe Natureza!

 

Eu amo vocês em mim!

Eu me amo em vocês!

O que eu sinto por vocês é amor!

Lagartas, Renda Portuguesa, me ensinando a Beija-Flor-Borboleta Ser!

 

“A Lagarta tem a qualidade dos sonhadores!”

Magui